Uma lição de vida em forma de poema - Tardes no Jardim

Uma lição de vida em forma de poema

em 03 abril 2022

pássaro e rosa

 E neste primeiro domingo de Abril, 

como primeira postagem deste mês,

 deixo-vos este belíssimo poema de Castro Alves.


Fábula - O Pássaro e a Flor


Pássaro no galho


 " Era num dia sombrio

Quando um pássaro erradio

Veio parar num jardim.

Aí fitando uma rosa,

Sua voz triste e saudosa,

Pôs-se a improvisar assim.


"ó Rosa, ó Rosa bonita!

Ó Sultana favorita

Deste serralho de azul:

Flor que vives num palácio,

Como as princesas de Lácio,

Como as filhas de 'Stambul.


Corno és feliz! Quanto eu dera

Pela eterna primavera

Que o teu castelo contém...

Sob o cristal abrigada,

Tu nem sentes a geada

Que passa raivosa além.


Junto às estátuas de pedra

Tua vida cresce, medra,

Ao fumo dos narguillés,

No largo vaso da China

Da porcelana mais fina

Que vem do Império Chinês.


O Inverno ladra na rua,

Enquanto adormeces nua

Na estufa até de manhã.

Por escrava - tens a aragem

O sol - é teu louro pajem.

Tu és dele - a castelã.


Enquanto que eu desgraçado,

Pelas chuvas ensopado,

Levo o tempo a viajar,

- Boêmio da média idade,

Vou do castelo à cidade,

Vou do mosteiro ao solar!


Meu capote roto e pobre

Mal os meus ombros encobre

Quanto à gorra... tu bem vês! ...

Ai! meu Deus! se Rosa fora

Como eu zombaria agora

Dos louros dos menestréis!. . .


............................................

Rosas no jardim


Então por entre a folhagem

Ao passarinho selvagem

A rosa assim respondeu:

"Cala-te, bardo dos bosques!

Ai! não troques os quiosques

Pela cúpula do céu.


Tu não sabes que delírios

Sofrem as rosas e os lírios

Nesta dourada prisão.

Sem falar com as violetas.

Sem beijar as borboletas,

Sem as auras do sertão.


Molha-te a fria geada...

Que importa? A loura alvorada

Virá beijar-te amanhã.

Poeta, romperás logo,

A cada beijo de fogo,

Na cantilena louçã.


Mas eu?! Nas salas brilhantes

Entre as tranças deslumbrantes

A virgem me enlaçará

Depois cadáver de rosa

A valsa vertiginosa

Por sobre mim rolará.


Rosa trancada no jardim


Vai, Poeta... Rompe os ares

Cruza a serra, o vale, os mares

Deus ao chão não te amarrou!

Eu calo-me - tu descansas,

Eu rojo - tu te levantas,

Tu és livre - escrava eu sou! ..."

(Casto Alves)


Este poema retrata nossa velha mania de julgar sempre a grama do vizinho mais verde, quando na verdade nada conhecemos sobre suas lutas, suas dores e anseios.

Também fala sobre valorizarmos o que possuímos em nós...na nossa vida, ocupados demais apreciando e supervalorizando a vida alheia.

Conheci este poema quando era criança, devia ter por volta de uns 10, 11 anos.

 Minha irmã tinha muitos livros, e entre eles uma coleção que era só de poemas (os que eu mais gostava)

Li ele tantas vezes que decorei. 

Amei tanto que nunca esqueci.



 Um ótimo Abril para mim, para vocês, para todos nós !!

 Até maaaaaiiisss !!










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Caixinha Mágica

Carrego comigo uma caixinha mágica,
onde eu guardo meus tesouros
mais bonitos.
Tudo aquilo que eu aprendi
com a vida,
tudo o que eu ganhei
com o tempo
e que vento nenhum leva.
Guardo as memórias
que me trazem riso,
as pessoas que tocaram
a minha alma e que,
de alguma forma,
me mudaram para melhor.
O simples é tudo
que cabe nos meus dias .
E quem se arrebenta
de tanto existir,
vive pra esbanjar
sorrisos e flashes
de eternidade
[...]
Poema de Caio Fernando Abreu
Blooming Sparkly Red Rose